Catarina sentia-se aturdida com o que sentira. Estava em choque ainda, não conseguia perceber porque é que tudo o que ela sempre quisera se tinha materializado em frente aos seus olhos e ela tinha rejeitado, fugido mesmo. Não fazia sentido. Medo? Sim, talvez. Medo do desconhecido, medo de experimentar algo novo, algo com que sempre sonhara, desde pequena. Mas não era apenas medo; não podia ser só esse sentimento, que ela tanto desprezava, que tinha guiado as suas acções, os seus passos para longe do que desejava.
Não, havia ali um componente mais, havia ali uma expectativa que poderia sair frustrada, e ela não aguentaria ver as ilusões de tantos anos transformarem-se em nada de um momento para o outro.
Fechou os olhos, enquanto estava sentada frente a uma televisão onde apenas passavam as imagens, e reviveu pela milionésima vez aquilo que tinha acontecido. Depois de muita insistência por parte dele, finalmente acedera a ir lá a casa, para a conhecer por dentro... Sim, é claro que ela sabia o que ele tinha em mente, mas também ela tinha o mesmo em mente. Só não quis que isso fosse demasiado... óbvio para ele. Queria continuar a alimentar a sua fome; o seu desejo de a ter fazia-o agir de uma maneira que lhe agradava... muito. Catarina não queria que fosse apenas um contacto breve e sem sentido, queria também fazer algo que honrasse aquilo que ambos sentiam, que celebrasse esse sentimento, como tantas vezes tinha visto nos filmes dessa mesma televisão que estava agora muda, ou como tinha lido nos livros que ganhavam pó nas prateleiras – tanto as da sua mente como as da sua casa.
Ela subira com ele os degraus até ao primeiro andar, entrando pela porta esquerda, para a casa dele. A penumbra em que o hall estava mergulhado foi desde logo cortada por um clique plástico – o som dele a acender o interruptor. Também nessa altura fechara os olhos, mas para tentar sentir alguma da interioridade dele naquele espaço pessoal. Tentava detectar algum odor da vivência dele naquela casa, algo particular, que ajudasse a recordá-lo quando estavam longe e sem possibilidades de se verem, algo que pudesse funcionar como um toque, como uma carícia dentro do etéreo mundo das recordações que tão vivamente despertavam no seu espírito de vez em quando, ameaçando arrancar-lhe toda a ligação com a realidade do presente. Ele disse-lhe que era bem vinda naquele seu espaço, e mostrou-lhe o resto da casa de relance.
Com a mente perdida em considerações (e em contemplações do homem que estava ali, tão perto dela e tão longe de uma carícia mais manifestamente ousada) Catarina foi seguindo o fio da conversa, auxiliada pelo copo de vinho branco que lhe tinha sido servido. O seu odor forte e o seu sabor intenso, que não deixavam de provocar uma certa aspereza ao passar pela garganta dela, serviam, mais do que a ingestão da própria bebida, para a inebriar. Parecia que os seus olhos, por muito que ela tentasse, ficavam presos numa posição tal que apenas conseguiam ver os olhos dele, o seu castanho quase vulgar mas com um toque de subtileza que se notava pelo vestígio da cor da noite profunda pontilhada aqui e ali. E depois, muito depois, é que deslizavam pelo rosto, passavam pelos lábios acetinados, pela barba já a despontar novamente por ter sido feita demasiado cedo, pelo maxilar forte e definido, cujas linhas lhe apascentavam a contemplação até ao pescoço... Aquele pescoço não era excessivamente grosso, como vira tantas vezes, mas tinha algumas particularidades muito interessantes. Quando Catarina olhara para ele uma primeira vez, tinha visto apenas um pescoço, uma zona onde poderia divertir-se a provocá-lo com beijos, com leves dentadas de intensidade variável... Mas agora via a maçã de adão saliente, saltitando para cima e para baixo consoante aquela voz grave se escapava por entre os seus lábios, qual água que lavava dos seus sentidos a poeira e a normalidade do dia-a-dia. Via a veia saliente que ia alimentar de férreo quente sangue o sequioso cérebro de onde surgiam sedutoras ideias de sentimentos despertos por ela; o sangue que aquecia o seu corpo era o sangue que aquecia a sua paixão por ela, e era por ele, veículo de vida que bombeava em todo o seu corpo, em toda a sua energia esfuziante, que ela queria conhecer os doces estertores do prazer final, do prazer total que iria consumir a sua consciência de si num momento de fusão absoluta ou de dispersão total, de uma ausência de ser que só se concretizaria no momento em que as vibrações consonantes de ambos os corpos se encontrassem num ponto para além da experiência passível de ser pensada na totalidade.
Ele não via o ar absorto dela ou, se o via, confundia-o com aborrecimento, deixava-o mais nervoso, mais ansioso por agradar, mais desejoso dela e também mais temeroso pela possibilidade de falhar. De falhar em todos os aspectos que ela esperara dele, e que ele mesmo esperara poder dar de si, poder dar para si e para si-como-ela. Assim, a surpresa dele foi grande quando ela se levantou – deu-se esse momento horrível em que ele viu, de uma maneira que só o medo em toda a sua plenitude inspira, Catarina a levantar-se e a sair – e o beijou em cheiro nos lábios. O travo do vinho que ela bebera, apesar de ser igual ao que ele mesmo tinha no copo, penetrou-lhe fortemente na boca, inspirando-o a retribuir sem pensar em mais nada. A língua dela entrava pela sua boca, escorregadia, e parecia querer fugir aos contactos que ele tentava fazer com a sua própria língua, parecia querer evitar a sua extremidade, acariciando para isso o céu da boca, ou fugindo para fora da boca dele, tocando apenas e ao de leve os seus lábios, ou a parte que não estava completamente entregue ao beijo, à doçura e voluptuosidade dos lábios dela.
Ele fê-la sentar-se ao seu colo, de lado, continuando os beijos e complementando-os com carícias a todo o comprimento da coluna dela, ou fazendo as suas mãos entrar por entre a abundante e rica cabeleira ruiva dela. As mãos dela enrolavam-se à volta do pescoço dele, afagando-lhe também as orelhas e as faces, sentindo a aspereza da já não perfeitamente escanhoada pele, enquanto que o desejo de ambos crescia. Por dentro, Catarina começava a sentir uma espécie de leveza, como se toda ela fosse feita de um qualquer volátil componente que, com a paixão a aquecer ambos os corpos, se tivesse transformado em pura essência à deriva dentro de si mesma, ou para fora de si, por cada poro e reentrância do seu corpo.
As acções conduziam-se sozinhas, as vontades conscientes suspensas por um desejo maior do que o controlo da convivência quase plastificada entre duas pessoas que, querendo, não podem tocar o mais profundo da outra. Ele encaminhou-a para o quarto dele, onde de pé continuaram a beijar-se, com uma intensidade crescente, com beijos cada vez mais profundos, mais demorados e mais ousados, em que o que sentiam se exprimia a cada suspiro que deixavam escapar, ou a cada pequena mordidela afectuosa que infligiam um ao outro. A ansiedade era apenas a do início, pois subitamente ambos pareciam ter deixado qualquer pretensão a ter pressa ou a querer apressar o que quer que fosse. Existia apenas o momento, o momento das carícias e do conforto que podiam proporcionar um ao outro através da união dos seus corpos, através das suas vontades como seres de desejo intenso.
O contacto foi repentinamente quebrado quando ela se afastou dele e o olhou selvaticamente, com um fogo nos olhos que parecia ser capaz de engolir tudo o que estava à sua volta, especialmente o homem inflamado de desejo que esperava ardentemente para ver qual seria a próxima decisão dela, perdido que estava entre as hesitações de outrora e o desembargado desejo com que o brindava, minando-lhe as noções do que esperar daquela noite. Enquanto ela o contemplava, os seus lábios moveram-se quase imperceptivelmente, e uma palavra foi sussurrada tão levemente que ele não soube se a ouviu ou se apenas a leu no movimento intenso e quente da boca. Mas a intenção foi clara e o sorriso lúbrico que ela fez em seguida vieram tirar quaisquer possíveis dúvidas; os seus lábios tinham formado a palavra “despe”. Sem referências ao quê, sem saber se ela queria que ele se despisse todo, ou apenas uma parte da roupa, para poder divertir-se a contemplar... Tentou fazer um ar inquisitivo, para dar a entender que queria que ela fosse mais específica mas, como resposta, recebeu apenas um sorriso ainda mais rasgado, demonstração da aprovação dela pela sua confusão. Catarina estava a agir de uma maneira que ele nunca poderia ter previsto; nunca teria sonhado que a timidez dela, uma das partes que, ao fazer com que ela resistisse a todos os seus avanços, apenas a tornara ainda mais desejável e apetecida, pudesse por detrás esconder uma tão grande demonstração de vontade de prazer, de um certo requinte que ia para além da simplicidade animal do mero acto cru e simples, rápido e mais preocupado em ser eficaz do que agradável para os sentidos... O que ele temera estava daquela forma a ser desmistificado, ele via sorrir-lhe a Fortuna, e nada no momento o poderia ter deixado tão contente. Só tinha a ganhar; alinhou na brincadeira.
Lentamente, olhando-a sempre nos olhos para manter a força e a intensidade da intenção dela, ele começou a despir a camisa. O olhar aprovador dela incentivou-o a continuar; botão a botão o seu peito começou a poder entrever-se. Os peitorais não estavam muito bem definidos, os mamilos, pequenos e escuros, estavam arrepiados e duros, denotando o prazer que ele sentia na pequena brincadeira. O seu ventre liso não era parte de nenhum arquétipo de beleza, apenas apelava a Catarina pelo seu lado menos agressivo e dominador. O tecido de azul profundo caiu aos seus pés quando desabotoou os punhos, e ela olhou aprovadoramente para o torso dele, como se estivesse a avaliar algo que ela mesma tinha feito com as suas próprias mãos. Com o indicador da mão direita, Catarina traçou nele uma linha que partia desde a base do pescoço até à linha da cintura das calças, procurando de todas as formas conseguir excitá-lo, provocar-lhe um desejo tal que ele fosse incapaz de resistir.
Ele lançou as mãos em direcção à blusa que Catarina tinha vestida, como se para a despir; ela agarrou-lhe os pulsos, prendendo-o e fazendo com a cabeça um gesto negativo, mas ao mesmo tempo provocatório, para que entendesse que quem estava ali a controlar a situação era ela. Depois de lhe beliscar um dos mamilos, Catarina subiu para cima da cama dele... Já tendo tirando antes os sapatos, ela deitou-se em cima da cama. Foi aí que algo confundiu Catarina, que sempre se tinha esforçado para ser uma rapariga completamente honesta e cumpridora de um certo tipo de decência que julgava partilhada por todas as pessoas – estes dois desejos (cumprir ou não cumprir), ao não poderem coincidir presencialmente numa mesma forma de agir, agiam como sendo quase duas pessoas diferentes, duas partes de Catarina que ela desejava sempre manter controladas.
Lentamente, começou a desapertar o fecho da saia, enquanto fazia com as pernas movimentos provocatórios em direcção a ele. A saia deslizou para longe, empurrada pelas mãos dela, e agora ele podia ver as pernas alvas, bem torneadas, que pareciam convidar a carícias, e as cuecas negras, com aplicações de renda, quase transparentes, quase deixando antever o objecto do seu desejo. Ela passou as mãos por entre as coxas, e com um movimento suave acariciou o seu sexo já ardentemente desejoso de carícias mais profundas, de outras mãos que não as suas. Ele avançou para a beira da cama, perpendicularmente a ela, e ela esticou a mão, acariciando-lhe o sexo por cima das calças, sentindo a sua dureza sedutora e que a faziam querer suspender o jogo, eliminá-lo de todo... Ele semicerrou os olhos numa expressão de antecipação do prazer, mas ela não se demorou nas carícias, preferiu continuar a tocar as suas próprias pernas, arrastando depois os movimentos para o ventre, subindo por dentro da blusa e por cima dos seios, voltando para baixo muito lentamente. Prendeu os dedos em volta das cuecas e começou a baixá-las, mas parou antes sequer de ele conseguir vislumbrar algo mais que um pouco de pele. Por sua vez, ele desapertou as calças e tirou-as desajeitadamente, quase perdendo o equilíbrio; através dos boxers ela viu o volume altaneiro e poderoso do seu sexo, imaginando-o dentro de si, a preenchê-la. Ela queria-o, mas queria fazê-lo esperar. As pernas bem definidas dele mostravam que o seu trabalho exigia um constante movimento; ela pensou que isso seria sem dúvida útil quando chegasse a altura de a penetrar – poderia sem dúvida aguentar bastante. A blusa que tinha quase misteriosamente desaparecera, ela tinha-a tirado sem disso ter tido consciência. O seu soutien era realmente revelador, o tecido mostrava a pele engorgitada dos mamilos já duros. Ele olhou fixamente para o corpo ardente que desejava possuir, o seu sexo latejava como se fosse explodir de prazer mesmo antes de ela lhe tocar realmente, mesmo sem o orgasmo irromper para fora dele. Algo nela atraía o olhar dele como nunca antes, uma aura que não conseguia definir prendia-o aos hábitos pouco corriqueiros de Catarina.
Ele ajoelhou-se em cima da cama, ao lado dela. Catarina baixou a parte da frente dos elásticos e justos boxers dele e o seu sexo ficou a descoberto. Com um dedo, percorreu-o em todo o comprimento, de cima para baixo, na parte inferior, terminando com uma leve carícia ao seu escroto, tudo ligeiros toques que o fizeram exalar fortemente, com o prazer potencial à espera de libertação. Os boxers voltaram ao sítio e ela agarrou na mão dele, conduzindo-a por entre os seus seios, através da planície do seu ventre e por dentro das suas cuecas. Quando o dedo dele chegou à separação entre os grandes lábios dela, perpassou-lhe um sorriso pelos lábios, e a sua atenção aumentou no desejo de a fazer sentir prazer, muito prazer... O dedo tocou na mais sensível zona dela, mas a mão de Catarina guiou-o para mais longe, mais para baixo; entre os seus pequenos lábios ele conseguia sentir os fluídos dela, a marca do seu prazer a auxiliar o dedo a percorrer o sexo dela, a ponta do dedo médio a aflorar a entrada dos seu sexo e, por fim, a penetrá-la lentamente, o ritmo sempre guiado por ela, que firmemente agarrava o pulso. Depois, puxou-lhe gentilmente a mão para fora das cuecas. O olhar dele ficou confuso de novo, ele sabia que ela ainda não tinha sentido verdadeiramente prazer – excepção feita ao prazer de estar a provocá-lo... Ele levou o dedo ainda húmido à boca, saboreando-a preliminarmente. O sabor era ligeiramente ácido, diluído logo pela saliva dele e despertava uma sensação de proximidade que apenas lhe acicatava ainda mais o desejo. Ela olhou-o nos olhos, depois de o ter deixado provar os seus fluídos, e sorriu maliciosamente, tentando ver nele se tinha apreciado a dádiva.
Catarina apoiou-se num cotovelo e debruçou-se sobre ele, que de joelhos passava agora a estar deitado, a protuberância do seu falo destacando-se claramente abaixo do seu ventre definido e apenas ligeiramente esculpido. Novamente, ela puxou uma parte dos boxers dele, mas desta vez prosseguiu, retirando-os pouco a pouco, beijando as pernas conforme descia. Quando finalmente ele se encontrava nu e à sua mercê, regressou. Fez passar as palmas das mãos abertas sobre as pernas dele, até chegar ao seu latejante sexo, que tomou entre as mãos e começou a acariciar docemente, muito lentamente, provocando nele movimentos quase involuntários que tinham como objectivo prolongar a excitação, torná-la mais profunda, mais intensa. Foi então que, subitamente, a boca dela se lançou bruscamente sobre o pénis dele, fazendo-o entrar repentinamente. Assustado, ele teve a ilusão – ou talvez uma ligeira sensação – de dor, que logo se desvaneceu ao sentir a língua de Catarina tornear ao longo do seu quente e encorpado falo, tocando titilantemente os pontos mais erógenos, as zonas que mais o enlouqueciam, como se soubesse desde sempre aquilo que ele mais gostava. A boca dela começou com pequenos movimentos de vai-vem, chupando-o em compassos alternados de rapidez e lentidão que continuamente o frustravam, em ondas de prazer que o deixavam à beira de perder o controlo, mas que logo se afastavam, não deixando por isso de fazer sentir a sua presença. As mãos dele percorriam sem nexo a cabeça dela, deixando cravadas as marcas do que estava a sentir. Os lábios dele contorciam-se, eram mordidos por ele mesmo, querendo porventura sentir ali outro pedaço de corpo ao qual fazer o mesmo; ele ansiava por tocá-la também, por poder também brincar com o corpo dela e fazê-la sofrer um pouco a espera retardada do orgasmo que é negado.
Ele puxou-a subitamente para cima, passando a mão direita pelo lado do corpo dela, descendo até à base da coluna apenas para depois regressar, com um toque leve e arrepiante, ao sítio onde os colchetes o impediam de contemplar por fim os belos seios de Catarina, de os morder, lamber e chupar, de os mordiscar até ela sentir um pouco de dor, que depois faria contrastar com carícias após carícias orgásmicas e plenas. A sua fome tinha crescido, tal como Catarina pretendera; parecia agora que nada o poderia parar, que os jogos de Catarina o tinham levado para além do limite de resistência, de controlo. Ele queria Catarina, ele queria penetrá-la profundamente, queria saborear com a língua os vários contornos do seu sexo, queria estimular com as suas mãos os pontos mais sensíveis, provocar as sensações mais inacreditáveis. A espera tinha-se acumulado dentro dele e teria que se soltar, ele tinha que se soltar, tinha que deixar que a besta dentro de si, carnal e desejosa da loucura última, se manifestasse através de si no corpo dela. Porém, Catarina mostrou-se relutante em largar o soutien, prendendo-o com os braços junto ao corpo. Algo mudou repentinamente, e o olhar dela contraiu-se ao se encontrar com o dele. Ao olhar para o lado, Catarina viu o seu reflexo em cima dele, viu a ponta do falo dele a roçar-lhe ao de leve por entre as pernas, em busca quase involuntária de alguma satisfação antes do momento final e total. Viu o olhar dele num momento transformar-se em algo mais, viu despertar nele uma espécie de poder insuspeito que a queria arrebatar num sem-fim de impactos sensórios puramente irracionais e incontroláveis.
Conforme Catarina se lembrava do sucedido, as mãos tinham escorregado para dentro das cuecas, e ela estava agora a masturbar-se agressivamente, um dedo a estimular o clitóris quase até à dor, e dois dedos dentro de si, a simular uma necessidade que não via satisfeita, tocando as cavidades da sua vagina sem sensibilidade aos danos que as unhas estavam a fazer, com os seus fluídos de prazer a facilitar as bruscas arremetidas a que se sujeitava voluntária e lascivamente; os seus sentidos perdiam as referências, estavam entregues apenas às carícias que as mãos lhe podiam dar. Quando se tocava, Catarina afastava-se do mundo, de tudo e de todos, entregava-se ao esquecimento... mas nunca mais a partir dessa vez. Apesar de tudo o que de bom tinha sucedido, queria tirar da cabeça aquela recordação, queria poder apagar o que se tinha passado. Tudo aquilo era para ela incrivelmente excitante, mas queria conseguir livrar-se da recordação última pois, no momento seguinte, estava de pé a agarrar a roupa espalhada pelo chão e pela cama, vestindo-se furiosamente, afastando-se dele, sem responder sequer a uma única pergunta, deixando-o na sua confusão plena, apenas com o reflexo dela mesma em cima dele, do sexo dele a roçar-se na parte interior das coxas dele e das suas mãos insistentemente a procurar devassar os seus seios. Algo do seu antigo ser voltou e assustou-a, algo do passado que mantinha escondido dentro de si; encarar a realidade do acto feriu-a e, mais uma vez, a sua virgindade se manteve de forma frustrante plenamente intacta, gozando dela e da sua fraqueza, mesmo no momento em que os seus dedos lhe davam o doce esquecimento de um orgasmo arrebatador...