sábado, dezembro 16, 2006

Metalmente violada

A tua mão. Senti a tua mão dentro de mim. Dentro da minha cabeça. Dentro do meu cérebro. A tua mão passou pela base do meu pescoço, subiu, arrepiou-me e depois, lentamente, entrou dentro do meu cérebro. As pontas dos teus dedos não se preocuparam com o meu cabelo ou com a minha pele, atravessaram o meu crânio e perderam-se nos meandros das redes neuronais que me amarravam a esta realidade. Tu desfizeste-os e soltaste-me. Pensei que assim, apaixonada, entregue a alguém, teria o que nunca tive. Teria paz. Teria olhos a olharem-me, teria mãos a percorrerem-me o corpo. Finalmente.

Só que isso não parou por ai. Depois disso, as tuas mãos saíram rapidamente. Com força. E deixaram fios para trás, fios que ligavam o meu cérebro às tuas mãos, como um bonecreiro. Foi nesse instante que criaste novas redes para mim. Foi nesse instante que me fizeste fazer, sentir e dizer o que eu não faria, sentiria ou diria. Foi nesse momento que deixaste o meu corpo frio, o meu corpo que queria arder de desejo contigo.

E agora, que morri e voltei, cortei as amarras, remeti-te às profundezas da manipulação que tanto adoras, deixando-te de mãos vazias, com apenas o teu corpo para controlarem.