Por vezes
Por vezes, há algo que se quebra. Algo que se parte dentro de mim, algo que não consigo controlar e que liberta tudo. Memórias. Pesadelos. Sofrimento.
Por vezes, a liberdade é uma espécie de luz demasiado brilhante, que me ofusca, que me faz perder a mim próprio, quer queira, quer não. E então todas as referências, todas as coisas que indicam o alto e o baixo se trocam, ou desaparecem. E eu desapareço com elas, porque alguém sem nenhum rumo, sem nenhuma forma de perceber o que o rodeia não é ninguém a não ser um amontoado de ideias.
A sensação de não sentir (quase) nada, nem que durante alguns momentos, é aterrorizante, quando depois se olha para ela. Surge mais um medo, mais um receio de não ser digno, de não estar à altura, de não saber sentir. Porque, supostamente, quem sente, sente sempre, não é? Sente furiosamente a todos os momentos, transborda de sentimentos e funde-os numa coisa bem estranha a que normalmente se chama personalidade.
Mas o momento de não sentir, que acontece por vezes, é algo de estranho. A queda livre é uma sensação que quase parece querer fazer acreditar que não existe gravidade, apesar de ser ela que provoca a queda. Por momentos, voa-se na queda; a queda é libertação. E tudo o que fica para cima de nós pesa apenas quando depois cairmos em cima do vazio que espera no centro da dor. Nesse sítio que nos transforma em seres estranhos, que nos transforma em algo bestial. Quão perto, por vezes, estou desse cerne de pura incompreensibilidade.
Há alguém, há um anjo, há uma deusa da Aurora que me salva, sempre, dessas quedas que acontecem por vezes. Mas, ainda assim, a queda existe. O caminho para cima é longo e árduo, por muito que se tenha auxílio. Há coisas que temos que escalar sozinhos. Há muros que temos que transpor sozinhos.
E outros que não podem ser transpostos. Quem não sente, não é. Limita-se a estar. Quando recebemos golpes, eles demoram a cicatrizar... mas ficar insensível não é a resposta. Se sei que existe algo que me espera no cume, labutarei até o atingir. Só que escorregar é inevitável, e os abismos chamam pelo meu sangue, dia e noite.
Por vezes, a liberdade é uma espécie de luz demasiado brilhante, que me ofusca, que me faz perder a mim próprio, quer queira, quer não. E então todas as referências, todas as coisas que indicam o alto e o baixo se trocam, ou desaparecem. E eu desapareço com elas, porque alguém sem nenhum rumo, sem nenhuma forma de perceber o que o rodeia não é ninguém a não ser um amontoado de ideias.
A sensação de não sentir (quase) nada, nem que durante alguns momentos, é aterrorizante, quando depois se olha para ela. Surge mais um medo, mais um receio de não ser digno, de não estar à altura, de não saber sentir. Porque, supostamente, quem sente, sente sempre, não é? Sente furiosamente a todos os momentos, transborda de sentimentos e funde-os numa coisa bem estranha a que normalmente se chama personalidade.
Mas o momento de não sentir, que acontece por vezes, é algo de estranho. A queda livre é uma sensação que quase parece querer fazer acreditar que não existe gravidade, apesar de ser ela que provoca a queda. Por momentos, voa-se na queda; a queda é libertação. E tudo o que fica para cima de nós pesa apenas quando depois cairmos em cima do vazio que espera no centro da dor. Nesse sítio que nos transforma em seres estranhos, que nos transforma em algo bestial. Quão perto, por vezes, estou desse cerne de pura incompreensibilidade.
Há alguém, há um anjo, há uma deusa da Aurora que me salva, sempre, dessas quedas que acontecem por vezes. Mas, ainda assim, a queda existe. O caminho para cima é longo e árduo, por muito que se tenha auxílio. Há coisas que temos que escalar sozinhos. Há muros que temos que transpor sozinhos.
E outros que não podem ser transpostos. Quem não sente, não é. Limita-se a estar. Quando recebemos golpes, eles demoram a cicatrizar... mas ficar insensível não é a resposta. Se sei que existe algo que me espera no cume, labutarei até o atingir. Só que escorregar é inevitável, e os abismos chamam pelo meu sangue, dia e noite.
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