Neblina
Via-te distante e silenciosamente caminhando sobre todos os terrenos que defronte ti se entrepunham e te tentavam sublime ou agresivamente tolher-te da tua estrada, por ti escolhida e voluntariamente marcada como destino dos teus pés sedentos de caminhar eternamente num sôfrego absorver de vida e luz interior.
Cada vez que os teus cabelos adejavam perto de mim - a apenas alguns metros - eu suspirava. Não, não era paixão; muito menos era um arrebatador amor à primeira vista (o contra-senso que a própria expressão é!!). Sentia-te longe e queria saber quem eras, queria saber se tudo o que se dizia de ti era tão mentira como eu supunha. Queria ver para além dos fumos da ilusão que - supunha eu - espalhavas ao teu redor. Eu conseguia sentir-lhe o cheiro, conseguia ver a ligeira perturbação no ar. Andavas sempre envolta numa neblina estranha, que fazia com que os olhares dos demais escorregassem de ti para fora, que os impedia de fixar com atenção o olhar em ti, que os distraía e os punha a pensar em tudo menos em ti. Sabes, eu também gostava de ter esse teu poder mágico, mas não... em mim todos os olhares escarninhos se fixam e me deixam imóvel no centro da ribalta, ansioso e de movimentos presos, hesitante e sem saber exactamente como viver a minha vida.
O mais interessante é que essa tua barreira não funcionava comigo. Muito pelo contrário, eu ficava inexoravelmente apanhado no difuso brilho que ela emitia em teu redor. Queria ultrapassar o teu nevoeiro, chegar-me perto de ti e dizer-te algo que te fizesse reparar em mim. Mas ainda não tinha reunido coragem para isso. Ficava apenas a olhar-te de longe, a desejar ter-te como minha amiga. Entretanto, todos os outros pensavam que eu me apaixonara: uma daquelas loucuras passageiras que não deixam grande marca e logo perdem o interesse. Mal sabiam eles que a profundidade do que eu sentia ultrapassava completamente a mera paixão, que atravessava todas as camadas do Amor para chegar à mais profunda de todas. Eu sentia (unilateralmente, claro) que éramos como almas gémeas, como irmãos gémeos separados à nascença e que a nossa afinidade suplantava quaisquer processos naturais ou de relações atribuladas.
Só que eu apenas te via passar, dentro dessa neblina... Não sabia mais nada. Sozinho, no meio da multidão, com todos os olhares que resvalavam de ti para virem cair em cima de mim. Frustração eterna, tanto quanto o teu caminhar me afasta de ti e te afasta de mim.
Cada vez que os teus cabelos adejavam perto de mim - a apenas alguns metros - eu suspirava. Não, não era paixão; muito menos era um arrebatador amor à primeira vista (o contra-senso que a própria expressão é!!). Sentia-te longe e queria saber quem eras, queria saber se tudo o que se dizia de ti era tão mentira como eu supunha. Queria ver para além dos fumos da ilusão que - supunha eu - espalhavas ao teu redor. Eu conseguia sentir-lhe o cheiro, conseguia ver a ligeira perturbação no ar. Andavas sempre envolta numa neblina estranha, que fazia com que os olhares dos demais escorregassem de ti para fora, que os impedia de fixar com atenção o olhar em ti, que os distraía e os punha a pensar em tudo menos em ti. Sabes, eu também gostava de ter esse teu poder mágico, mas não... em mim todos os olhares escarninhos se fixam e me deixam imóvel no centro da ribalta, ansioso e de movimentos presos, hesitante e sem saber exactamente como viver a minha vida.
O mais interessante é que essa tua barreira não funcionava comigo. Muito pelo contrário, eu ficava inexoravelmente apanhado no difuso brilho que ela emitia em teu redor. Queria ultrapassar o teu nevoeiro, chegar-me perto de ti e dizer-te algo que te fizesse reparar em mim. Mas ainda não tinha reunido coragem para isso. Ficava apenas a olhar-te de longe, a desejar ter-te como minha amiga. Entretanto, todos os outros pensavam que eu me apaixonara: uma daquelas loucuras passageiras que não deixam grande marca e logo perdem o interesse. Mal sabiam eles que a profundidade do que eu sentia ultrapassava completamente a mera paixão, que atravessava todas as camadas do Amor para chegar à mais profunda de todas. Eu sentia (unilateralmente, claro) que éramos como almas gémeas, como irmãos gémeos separados à nascença e que a nossa afinidade suplantava quaisquer processos naturais ou de relações atribuladas.
Só que eu apenas te via passar, dentro dessa neblina... Não sabia mais nada. Sozinho, no meio da multidão, com todos os olhares que resvalavam de ti para virem cair em cima de mim. Frustração eterna, tanto quanto o teu caminhar me afasta de ti e te afasta de mim.
<< Home