Corpos
A música que está a tocar ajuda à atmosfera, mas é um pequeno elemento; apenas mais uma coisa que se junta a todas as outras. Ao vinho que me deste a beber, suave e hipnotizante; ao cheiro do incenso que entra pelas minhas narinas com o efeito de uma droga que me rouba o autodomínio; à visão do teu próprio corpo por cima desse vestido justo e de um vermelho-escuro que me perturba não sei bem porquê.
Aproximas-te de mim muito lentamente, como se o mundo girasse em câmara lenta e tu não o quisesses perturbar e pões os teus braços à volta do meu pescoço: não, não vais dançar, claro, porque a música não o permite. Vens apenas ficar mais próxima de mim, vens apenas para que o teu perfume se entranhe também em mim e entre em mim, se misture com o incenso... As tuas mãos afagam-me as costas em círculos, consigo sentir as tuas unhas através da minha camisa. Depois, as palmas das mãos a descerem... a passarem pela minha cintura... a apalparem-me atrás... Mordes o lábio inferior com os incisivos enquanto me olhas nos olhos. O meu desejo apenas consegue aumentar. Como consigo resistir-te? Não consigo. Lanço também os meus braços à tua volta e procuro beijar-te. Viras a cara: provocas-me. Desequilibro-te para te tentar obrigar a cair sobre o sofá que está mesmo ao nosso lado, mas tu resistes ainda. Por fim, cedes - ou tomas o controlo - e a tua língua invade a minha boca com uma fúria que eu não esperava, e as nossas línguas retorcem-se e acariciam-se mutuamente, ora na boca de um, ora na boca de outro. Começo a tentar despir-te no meio da confusão de membros.
Por breves instantes, a minha consciência dá sinal de vida por entre toda a concupiscência. A excitação levada ao extremo, algo que já não sentia há muito tempo, tem ainda em si espaço para alguma racionalidade. Penso que talvez não devesse ir fornicar com uma mulher que conheci há tão pouco tempo... Estranhamente, a música que está a tocar dá-me a resposta:
"When done with me
forget if you think I feel ashamed.
A wild thing
never felt sorry for anything."
Olhos nos olhos, ambos toldados pela antecipação do prazer, devoramo-nos e ascendemos ao plano máximo da existência humana carnal. Mais do que uma vez.
[Nota: Música "Bare Grace Misery", Nightwish]
Aproximas-te de mim muito lentamente, como se o mundo girasse em câmara lenta e tu não o quisesses perturbar e pões os teus braços à volta do meu pescoço: não, não vais dançar, claro, porque a música não o permite. Vens apenas ficar mais próxima de mim, vens apenas para que o teu perfume se entranhe também em mim e entre em mim, se misture com o incenso... As tuas mãos afagam-me as costas em círculos, consigo sentir as tuas unhas através da minha camisa. Depois, as palmas das mãos a descerem... a passarem pela minha cintura... a apalparem-me atrás... Mordes o lábio inferior com os incisivos enquanto me olhas nos olhos. O meu desejo apenas consegue aumentar. Como consigo resistir-te? Não consigo. Lanço também os meus braços à tua volta e procuro beijar-te. Viras a cara: provocas-me. Desequilibro-te para te tentar obrigar a cair sobre o sofá que está mesmo ao nosso lado, mas tu resistes ainda. Por fim, cedes - ou tomas o controlo - e a tua língua invade a minha boca com uma fúria que eu não esperava, e as nossas línguas retorcem-se e acariciam-se mutuamente, ora na boca de um, ora na boca de outro. Começo a tentar despir-te no meio da confusão de membros.
Por breves instantes, a minha consciência dá sinal de vida por entre toda a concupiscência. A excitação levada ao extremo, algo que já não sentia há muito tempo, tem ainda em si espaço para alguma racionalidade. Penso que talvez não devesse ir fornicar com uma mulher que conheci há tão pouco tempo... Estranhamente, a música que está a tocar dá-me a resposta:
"When done with me
forget if you think I feel ashamed.
A wild thing
never felt sorry for anything."
Olhos nos olhos, ambos toldados pela antecipação do prazer, devoramo-nos e ascendemos ao plano máximo da existência humana carnal. Mais do que uma vez.
[Nota: Música "Bare Grace Misery", Nightwish]
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