quinta-feira, junho 09, 2005

Mea culpa?

Sentado sozinho, perdido no escuro apesar das luzes, sufocado apesar do ar fresco que corre, faço uma intro-retrospectiva e tento perceber aquilo que é a minha vida, aquele pedaço de verdade que em pouco tempo se transformou em toda a minha vida.

Procuro razões para uma fragilidade, procuro brechas por onde a dúvida ou a falta de sentimento se possam ter infiltrado num espírito habituado a confundir a realidade com a ficção, que dita a si mesmo o que pensar, o que sentir, em todas as ocasiões, e que por isso mesmo se perde na fina linha entre a imaginação ou extrapolação e aquilo que realmente vem do coração. Nada disto está lá. De duro diamante rematado a titânio, o sentimento continua em mim, vivo, forte e brilhante como desde os primeiros momentos - não, mais até do que isso!

Procuro então analisar situações, comportamentos. Aqui sim, aqui sim vejo o espectro da minha verdadeira face. A incapacidade de perceber, a impotência no ouvir surdo e umbiguista... A dor de querer ser mais e além que deixa tudo abaixo de si como se apenas vivesse consumindo. Firo de novo a minha consciência de mim, procuro pela dor do sofrimento que faço a outros punir-me para alterar o meu ego. Mas entretanto deixo atrás de mim um rasto de destruição indesculpável. O amor é a condensação da essência da vida num único sentimento. Os mortos amam?

Regressam as dúvidas. Mea culpa, mesmo que não o seja. Porque assim o sinto, porque vejo aquilo que pensava ter melhorado.