domingo, maio 29, 2005

Repugnância

O cheiro râncido, as formas industrialmente fabricadas e sumariamente modeladas, os sons que soltam... Olho e fico enojado, de todas as formas possíveis. A sensação, por causa da minha alergia que só se revela de vez em quando, é a de uma dor de cabeça fortíssima: uma broca que penetra no crânio, que desfaz o cérebro, e que depois sai pelo lado contrário da cabeça, continuando sempre a trabalhar - encravada - e a perturbar o normal funcionamento... a minha existência!

O cheiro... Esse é quase inexprimível: como se pode juntar num único conceito o cheiro de estrebaria, de podridão e de fossas sépticas? Como se pode explicar...? Bom, imaginem que, de cada vez que inspiram, ficam com vontade de enfiar as mãos dentro da garganta, rebentar o pescoço para conseguir puxar os pulmões cá para fora e poder limpá-los com ácido sulfúrico. Sim, porque é preferível não respirar a ter que engolir e snifar aquele doentio e nojento conjunto de aromas...

A aparência é completamente indefinível em termos realistas. Se já o cheiro requeriu uma aproximação altamente defeituosa, não sei como fazer passar a ideia... É simplesmente a personificação da Fealdade. É verdadeiramente nojento, todo o conjunto de coisas que sou obrigado a ver. Sinto-me verdadeiramente enojado, sinto-me... Sinto um vazio dentro de mim, sinto uma vontade de me eclipsar para fugir a esta praga, a esta doença que se alastra por todo o planeta, que não me dá um único momento de descanso.

Aposto que já sabem qual é a besta de que falo, com tal descrição... Sim, isso mesmo... O ser humano.