segunda-feira, maio 09, 2005

Sangue e coração

O sangue corre vermelho e quente dentro de mim, alimenta a minha carne e satisfaz-me os requisitos para que me possa levantar todos os dias, para que possa executar todas aquelas tarefas, mais ou menos mesquinhas, essenciais à função de viver. Ando, falo, como... tudo isso graças àquele líquido que corre em mim. Graças à potência daquele órgão que impulsiona o tal líquido dentro de mim. E quando esse líquido me falta nalguma parte do corpo, o frio, a imobilidade parcial apoderam-se de mim, deixam-me estranho a mim próprio, às minhas sensações. Aquele sabor metálico e profundo esconde coisas que não consigo explicar, esconde verdades, esconde segredos, vida e devastação que caminham lado a lado, pelos mesmos canais, todos os segundos de todos os dias até ao fim.

Mas agora, depois de tanto tempo, e de forma muito pouco usual, consigo sentir o meu coração. Sinto cada um dos seus batimentos, sinto que tenho realmente que fazer um esforço para conseguir que o sangue chegue a todo o lado. É estranho ter que fazer um trabalho para o qual não estou preparado...
Entretanto o coração começa a doer-me. É um músculo sobre o qual exerço um defeituoso controlo... estou a começar a cansar-me. As dores aumentam a cada momento, parece que vou ficar com uma cãibra. Não aguento mais! O meu coração parece que rebenta, a minha caixa torácica está quase a rebentar, não consigo parar, não posso parar, mas também nem posso pensar em desistir. Só que a dor é tanta!!! Argh!! Vou descansar, apenas um bocadinho. Só para depois poder retomar com mais calma.

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