segunda-feira, abril 11, 2005

Vento

Sente o vento que te bate na cara, que te afaga o corpo e que põe os teus cabelos em desalinho. Sente a frescura (e, por vezes, o frio) que advém dessa carícia tão potencialmente destrutiva. Se fechares os olhos e abrires os braços como quem dá as boas-vindas a um amigo, sentirás que o frio do vento, longe de te querer atacar, se fundirá contigo, na tua própria essência, arroxeando as tuas carnes e lançando trémulos lamentos espasmódicos pelo teu corpo.

Chega então o momento adequado, em que deves libertar a tua consciência de ti mesmo, em que deves procurar anular os teus sentidos e deixar que o vento transporte o teu "eu" para fora das amarras da vida e da carne. E depois vem, vem espalhar ao vento a beleza da tua essência.