O frio
Era um vulcão e eu estava a tentar perceber se ele queria que eu me lançasse lá para dentro. O cheiro a enxofre fez-me pensar que nunca tinha estado tão perto do inferno, o que quer que fosse isso, e tal pensamento confortou-me. Bastava pensar que todas as coisas boas (i.e., proibidas) estão no inferno para se perceber o meu entusiasmo. Desci a encosta escarpada do cone. As minhas mãos não conseguiam sentir nem sequer o calor da lava que estava tão próxima, tal a quantidade de adrenalina que escorria pelas minhas veias inchadas do calor e da pressão sanguínea.
Um passo em falso e seria o meu fim. A ideia fez-me ter uma tontura - causalidade ou casualidade? (Se as palavras vos pareceram iguais, leiam mais devagar: o cérebro prega-nos destas partidas...) Agarrei-me com força, até os nós dos dedos ficarem brancos... amarelados... bom, o que lhe quiserem chamar. A verdade é que eu ia por ali abaixo, através de uma escadaria natural que parecia ter sido feita para mim.
Depois, não sei muito bem como, já estava de frente para aquele caldeirão vermelho, pedra ruborizada por comentários que a Mãe Terra lhe faz e liquefeita pelas pancadas das placas tectónicas, ou do manto, ou do núcleo sólido. Num acto de pura coragem dei um passo em frente e assisti ao solidificar da lava debaixo dos meus pés. Outro passo, o mesmo processo. Olhei confuso para o chão negro como a noite... Por falar em negrume, o céu estava a escurecer. Olhei para cima por puro instinto: um eclipse solar total. Por alguma razão a posição de diamante estava sem diamante. De súbito, apercebi-me do que se estava a passar.
Só para confirmar: despi a camisa e pus a minha mão direita sobre o lado esquerdo-centro do peito. Os dedos começaram-se a afundar na carne e em pouco tempo o coração estava já do lado de fora do meu corpo, ainda agarrado a alguma carne, com a aorta a palpitar loucamente; a temperatura baixou imediatamente. Fechei os olhos e abanei a cabeça mas não chorei: a lágrima congelaria. Repentinamente furioso, arranquei por completo o coração e esmaguei-o entre os meus dedos. Uma súbita rajada de frio espalhou-se pelo mundo e tudo congelou. Pelo menos para mim.
Um passo em falso e seria o meu fim. A ideia fez-me ter uma tontura - causalidade ou casualidade? (Se as palavras vos pareceram iguais, leiam mais devagar: o cérebro prega-nos destas partidas...) Agarrei-me com força, até os nós dos dedos ficarem brancos... amarelados... bom, o que lhe quiserem chamar. A verdade é que eu ia por ali abaixo, através de uma escadaria natural que parecia ter sido feita para mim.
Depois, não sei muito bem como, já estava de frente para aquele caldeirão vermelho, pedra ruborizada por comentários que a Mãe Terra lhe faz e liquefeita pelas pancadas das placas tectónicas, ou do manto, ou do núcleo sólido. Num acto de pura coragem dei um passo em frente e assisti ao solidificar da lava debaixo dos meus pés. Outro passo, o mesmo processo. Olhei confuso para o chão negro como a noite... Por falar em negrume, o céu estava a escurecer. Olhei para cima por puro instinto: um eclipse solar total. Por alguma razão a posição de diamante estava sem diamante. De súbito, apercebi-me do que se estava a passar.
Só para confirmar: despi a camisa e pus a minha mão direita sobre o lado esquerdo-centro do peito. Os dedos começaram-se a afundar na carne e em pouco tempo o coração estava já do lado de fora do meu corpo, ainda agarrado a alguma carne, com a aorta a palpitar loucamente; a temperatura baixou imediatamente. Fechei os olhos e abanei a cabeça mas não chorei: a lágrima congelaria. Repentinamente furioso, arranquei por completo o coração e esmaguei-o entre os meus dedos. Uma súbita rajada de frio espalhou-se pelo mundo e tudo congelou. Pelo menos para mim.
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